dezembro 01, 2007

ainda há opinião independente?

Jeff Gerstmann jornalista com 10 anos de casa no importante Gamespot.com, pertença do enorme grupo Cnet.com, foi despedido depois de ter dado um 6 em 10 a um videojogo da EIDOS, um dos mais importantes anunciantes do site em questão. Como se pode ver na imagem em cima, Kane & Lynch: Dead Men, era à altura o videojogo anunciante principal, com uma imagem que ocupa a integralidade do background da página, isto alterou-se no dia do despedimento de Jeff Gerstmann.

A review em texto ainda pode ser lida aqui, contudo a review vídeo foi retirada do site, podendo de qualquer modo ser vista a partir do YouTube aqui em baixo.


Certezas nestes casos, nunca existem, mas a especulação continua, contudo isto não é de todo impossível e nem sequer enquadra uma surpresa. Não porque o Gamespot tenha alguma vez feito passar a imagem de que os seus críticos pudessem ser comprados, antes pelo contrário. Mas porque a indústria de videojogos cresceu de forma completamente exponencial e em menos de 10 anos tornou-se numa das indústrias culturais mais rentáveis e desse modo o investimento nos videojogos tem subido em flecha. Apesar das incertezas os rumores já alimentam a criação de tiras de comics

Para quem investe 10 ou 20 milhões de dólares num videojogo não deverá ser muito benéfico ter reviews a colocar na fossa o jogo que acabam de lançar e ainda por cima sendo quem eles próprios decidem patrocinar. Até porque os últimos estudos demonstram, que ao contrário das restantes indústrias culturais, os críticos de videojogos representam verdadeiramente uma influência na compra e eleição dos jogos ganhadores de mercado. Várias razões podem apontar o porquê deste fenómeno, quando comparado com o cinema, onde normalmente os críticos estão arredados do gosto popular. Por um lado quem faz crítica aos videojogos pertence à massa de hard core gamers, por outro os jogos são demasiadamente caros para se poder comprar para depois ver se é bom. Procura-se muita informação online antes de desembolsar 60 euros por um jogo que pode ter uma duração de vida de menos de 2 dias, escalpelizam-se todos os detalhes do gameplay, som, longevidade, etc. etc.

Entretanto as consequências de uma decisão destas por parte dos editores da Gamespot já começou a ter efeitos negativos na audiência que seguia e contribuía para a existência do site, como se pode ver na mensagem deixado por Adam na sua página do próprio Gamespot.
"Every single day I worked at GameSpot, Greg, Jeff, and the others were constantly vigilant to make sure that the editorial department was insulated from other units of the business that might have resulted in conflicts of interest. The most important thing a review site like GameSpot has is its credibility. People might disagree with a review, but at least they knew the review came from a gamer who was giving an honest opinion. And the management has blown it. You're losing money from all those who cancel, but more importantly, you're losing the credibility you had." Adam
A única coisa que estas notícias fazem é contribuir para o desacreditar do jornalismo de uma forma geral. Se pensarmos que não há jornalismo sem publicidade e tendo em conta os altos custos da distribuição jornalística dos dias de hoje assim como dos enormes poderes instalados sedentos de projecção de imagem com objectivos puramente mercantilistas. Assim resta-nos apenas continuar a contribuir para a existência de uma web2.0 pura, livre de contribuintes por obrigação ou profissão, criando assim uma comunidade capaz de partilhar verdadeiramente o seu conhecimento sem constrangimentos de qualquer ordem.

2 comentários:

  1. Há cerca de um ano escrevi um post sobre uma coisa muito semelhante - a EA de Espanha 'desconvidou' uns bloggers para a apresentação de um jogo e disse-lhe claramente porque o fazia - a bem da 'comunicação fluída'.

    Mais aqui:
    http://atrium.wordpress.com/2006/12/04/esse-mundo-dos-jogostao-diferente/

    abraço,

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  2. Obrigado Luís
    Ao que parece nesse caso a EA - Espanha acabou por dar a mão à palmatória e reconhecer o ridículo da situação. Temos que agradecer à pressão que os meios de comunicação não tradicionais têm para fazer correr tinta nestes casos e nesse sentido todas estas histórias devem ser divulgadas para que possa haver censura destas atitudes.
    Aliás isto parece quase um escrutínio, só que em vez do poder político será antes do poder por detrás do 4º poder :)

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