julho 18, 2010

Cinematografia 1998-2008

Amélie (2001), foi eleito pelos cinematógrafos convidados pela revista American Cinematographer, o filme mais bem fotografado da década de 1998-2008. A fotografia é de Bruno Delbonnel que disse à AC que,
“This is real honor for me, especially considering the other movies in this list... These are some of the finest cinematographers, and I’m not sure I deserve to be among them, but I am very happy to be. They are all explorers.”
Bruno Delbonnel começa pelo cinema francês com o seu ponto alto em Amélie mas depois disso trabalhou desde o cinema do puro espectáculo de Harry Potter and the Half-Blood Prince (2009) ao cinema poético de Aleksandr Sokurov, Faust (em produção). Clique sobre as imagens para ver em maior resolução.

Ficam aqui os restantes eleitos do Top 10. Tenho a dizer que concordo com praticamente todos à excepção do segundo classificado, Children of Men (2006). Existe um claro trabalho de homogeneização da cor com destaque para os castanhos e cinzas e esse trabalho é muito bem conseguido, contudo restam dúvidas quanto a um lugar tão proeminente numa década cheia de diversidade, ousadia e beleza fotográfica.

Children of Men (2006), Emmanuel Lubezki
Saving Private Ryan (1998), Janusz Kaminski
There Will Be Blood (2007), Robert Elswit
No Country for Old Men (2007), Roger Deakins
Fight Club (1999), Jeff Cronenweth
The Dark Knight (2008), Wally Pfister
Road to Perdition (2002), Conrad L. Hall
Cidade de Deus (2002), César Charlone
American Beauty (1999), Conrad L. Hall


[a partir de Sound+Vision]

2 comentários:

  1. Olá!

    Só quero comentar que não percebo porque é que não percebes a importância do "Children of Men" e o facto de estar numa posição tão destacada! É que "cinematografia" não se refere apenas a lentes e e cores e profundidade de campo e outras coisas que mais se confundem com "Fotografia", mas, sendo de Cinema que se trata (e por isso se chamar "Cinematografia" e não "Fotografia") tem de ser ter em consideração, e muita, à movimentação de câmara e à forma como os acontecimentos se vão desenrolando na tela, criando emoções no espectador, sejam elas suspense, surpresa, medo ou alegria.

    Ora, o "Children of Men" ficou-me gravado na memória precisamente devido a umas quantas cenas ÚNICAS, sendo a maior parte delas gravadas numa única sequência sem cortes. Há pelo menos 4 assim, e uma delas demora à volta de 7 minutos, que inclui entrar e sair de veículos e de edifícios, com tiros e explosões e montes de acção a decorrer por todo o lado (em HD aqui http://www.youtube.com/watch?v=yuZSmSBLWAg *Spoilers*) . Segundo consta, para se filmar esta sequência foram necessários 14 dias de preparação e ensaios, e cada vez que se tentava re-filmar a cena demorava 5 horas de preparativos. Essa foi a que, na altura em que estava a ver o filme, me chamou mais a atenção porque se “sentia” que se estava a fazer parte da acção, com se fosse um documentário e seguíssemos os protagonista em todos os seus passos, sem cortes. Mas houve outra sequência marcante: uma emboscada a um carro no meio da floresta. Essa sequência, que todos diziam ser impossível de realizar mas Cuarón insistiu até lhe arranjarem uma solução, implicou uma estrutura especial que permitir meter a câmara dentro do carro e ao mesmo tempo rodá-la para dentro e para fora (havia tão pouco espaço que os actores tinham de entrar e sair do personagem que representavam naquele curto espaço de tempo, pois quando não estavam a ser filmados tinham de se baixar para deixar passar a câmara). A cena é espectacular (além de visceralmente violenta e ser um choque brutal, pois é uma surpresa completa) e filmada desta forma só lhe aumenta a espectacularidade, pois nunca se “sai” da acção. Há quem considere esta cena como a coisa mais incrível e difícil que já viram em toda a história do Cinema. E se bem que não seja detentor da “sequência mais longa”, é certamente das mais complexas (muito mais que a famosa cena de “Atonement”, por exemplo), senão a mais complexa até agora!

    *Spoilers*

    Finalmente, a cena do parto tem também mais de 3 minutos de duração e é uma cena mágica, não só pelo simbolismo e por ser o clímax do filme mas também por estar tão bem executada que no final me doíam os maxilares por ter ficado com a boca tão aberta durante tanto tempo! E se bem que algumas destas cenas tenham tido fortes doses de efeitos por computador, estes não se vêem, e só se sabe que o são porque é impossível ser de outra forma, mas nem se pensa neles enquanto se vê o filme. Por exemplo, a cena do nascimento é incrível porque pela primeira vez num filme vi um recém-nascido que não era um boneco de plástico/silicone (e normalmente nem se vê a cara) nem um bebé que nitidamente tinha pelo menos 3 meses! Ali fiquei pasmo! E toda a cinematografia da sequência sem dúvida que ajudou a esse momento, se bem que nem de longe chegou aos calcanhares das outras nesse aspecto.

    Por isso digo: sim, “Children of Men” merece sem dúvida um honroso segundo lugar nessa tabela, pois os momentos cinematográficos que proporciona são de uma complexidade inigualada, os quais proporcionam também eles sensações ímpares na história do Cinema.

    Nota: E sim, o “Amélie” foi uma boa escolha! :-)

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  2. Oi Fernando

    Em primeiro lugar quero agradecer-te este excelente comentário que é um grande aporte ao post. Muita da informação que nos trazes aqui sobre o Children of Men ou já não me lembrava ou desconhecia por completo.

    Sobre o conteúdo em si, quero dizer que concordo em parte com o trabalho do Cinematografo. Porque apesar de este ter responsabilidades no campo dos movimentos de câmara a verdade é que estes são acima de tudo uma decisão e escolha do realizador. Ou seja o espaço de manobra artística do cinematografo neste campo é mais reduzido apesar de tecnicamente ser ele a responder pelo trabalho.

    Relativamente ao resto, admito que a minha desilusão, em parte, com o filme me toldou um pouco as memórias que tinha do mesmo. Tinha muitas expectativas quanto a este filme e quando assim é, é fácil desiludir. Mas por tudo o que aqui referes em breve irei revê-lo e analisar com mais detalhe as sequências que referes.

    Um grande obrigado por este excelente comentário.

    um abraço

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