setembro 24, 2011

a semana em que a FC deixou de o ser

Foi uma semana impressionante em termos de divulgação de dados preliminares de projetos científicos em curso. Dois anúncios lançaram um grande buzz na comunidade científica, nos media, e claro está em toda a comunidade da Ficção Científica.

 arte de Mirousensei

A julgar como verdadeiras e passíveis de melhorias e de desenvolvimentos ainda, o que foi anunciado esta semana foi nada mais do que a possibilidade de Viajar no Tempo e a possibilidade de Ler o Pensamento.

No primeiro caso, uma equipa francesa do National Institute for Nuclear and Particle Physics Research e outra italiana do Gran Sasso National Laborator dizem ter realizado uma experiência na qual um neutrino terá viajado 60 nanosegundos mais rápido que a luz. O evento é de tal forma anormal, pois coloca em causa a teoria base explicativa da equivalência massa-energia definida por Einstein em 1905, que os próprios cientistas participantes se sentem perplexos com o experimento. A maioria da comunidade está cética, em Portugal o Carlos Fiolhais alertou para a grande probabilidade de existirem de erros. Mas a ser verdade estariamos a abrir a porta para as viagens no tempo, um dos assuntos mais fascinantes de sempre da FC.

À esquerda a 1ª edição de The Time Machine de H.G. Wells publicada em 1895. À direita o cartaz do primeiro filme baseado na obra de H.G. Wells e realizado por George Pal.


O segundo caso, levanta menos questões de cepticismo, até porque foi anunciado por meio de artigo publicado na revista cientifica, Current Biology, após revisão de pares. E talvez por isso mesmo nos deva fazer refletir mais sobre o seu potencial impacto. A equipa de Nishimoto da UC Berkeley desenvolveu um modelo de análise dos padrões fMRI capaz de reproduzir em imagens visuais e materiais aquilo que o nosso cérebro está a imaginar. Os resultados impressionantes podem ser vistos num vídeo disponibilizado no YouTube.


Isto está muito próximo do conceito explorado por Douglas Trumbull em Brainstorm em 1983.



Uma máquina destas poderá ser algo verdadeiramente fantástico, é algo que pode abrir o reino do desconhecido para todos nós. Mas faz-me pensar em algo que nunca me esqueço quando reflito sobre sociedades Orwellianas, que por mais que nos façam, nos controlem, dentro do nosso pensamento seremos sempre livres. Ora a confirmar-se o potencial de desenvolvimento e melhoria desta tecnologia estamos a caminho de um enorme salto no avanço científico do conhecimento do cérebro, mas estamos também a caminho do derrube da última grande fronteira do Eu.

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