Mostrar mensagens com a etiqueta stop-motion. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta stop-motion. Mostrar todas as mensagens

junho 16, 2014

"Seguir em frente"

O mais recente album dos James vem inspirado em algumas das experiências de Tim Booth (vocalista) com a morte ao longo de 2012. O album acabou mesmo por receber o título “La Petite Mort” (2014) (A Pequena Morte), que é uma espécie de eufemismo francês para o estado de quase inconsciência que sucede o orgasmo, e nesse sentido é também uma resposta de Booth à morte, como que a dizer que é momentânea e passageira, e que é preciso “Moving On”. E é exactamente por causa do teledisco realizado para “Moving On” por Ainslie Henderson que trouxe aqui hoje os James. Não que não me faça recordar 20 anos atrás, noite dentro, “Sometimes” em todas as discotecas em que entrava.




“Moving On” apresenta um belíssimo trabalho de stop motion com malhas de lã amarela, capaz de nos dar a volta, porque a vida e a morte literalmente dão a volta. O filme começa ligeiramente como é apanágio dos James, mas à medida que vai avançando vamos sentido a sua honestidade e frontalidade entrar por nós adentro. Quando termina, estamos ali, percebemos que é assim, faz parte, e é preciso “seguir em frente”. Deixo algumas das ideias que inspiraram este belíssimo trabalho, pela voz de Tim Booth e Ainslie Henderson.
"There is such a variety of death. I had three major losses last year in my life. My mum died in my arms when she was 90 and it was euphoric. It was just beautiful - and then another person died.
I didn't know they were ill because they kept it from me. It was a shock and really devastating for me because I didn't know. I didn't get to say goodbye. So death is not straightforward. It's not necessarily depressing. It's a lot of things and that has fed into a lot of the songs on the album.
That makes it sound depressing but some of it is uplifting – about letting go of things and not waiting for anything any more, about living life to the fullest."
Tim Booth [Daily Record]
“It’s 2014, and I’m on the phone to Tim. He is describing how the band came to write “MOVING ON”, and what the words mean to him. The story he tells me is deeply moving; one thing that stayed with me is his describing death as a birth. Days later this conversation echoes around my mind while I’m listening to the song as I walk past a typical Scottish woollen knitwear shop. My eyes flit over a ball of wool in the window while the vid2word “unwinding” is sung and pretty quickly I’m leaving a garbled over-excited message on Tim’s phone about the music video I have in my head” Ainslie Henderson [Mouth Mag]

"Moving On" (2014) por Ainslie Henderson, música de James

julho 29, 2012

a intolerância em stop-motion

Zero (2010) é uma curta em stop-motion criada por Cristopher Kezelos (Austrália) fazendo uso de bonecos de novelo de lã, a fazer lembrar 9 (2009) de Shane Acker. Mas Zero, diferentemente de 9 usa a numeração para efeitos de crítica social, em que a escala de números serve para estabelecer os patamares da sociedade.


Zero é o número mais baixo da hierarquia, àquele a quem tudo é vedado, mesmo o enamoramento e a constituição de família. A sua vida muda quando encontra um outro zero, do sexo oposto, e é aí que tudo se complica, mas também tudo se transforma. Com este cenário o filme toca em feridas sociais como o Racismo, a Intolerância, o Preconceito tudo regulado por um ambiente político de puro Totalitarismo.


O filme é apresentado do ponto de vista de Zero e nesse sentido a sua visão do mundo contrasta com o modelo da sociedade em que vive, permitindo que o filme nos arraste ao longo da sua vida num tom particularmente inocente. Esta construção desenvolve uma ligação entre nós e Zero, e é aí que o filme brilha, tocando-nos, incitando-nos a velar pelo seu futuro. O filme não trata nada de novo, mas este é um assunto que por mais vezes que seja tratado nunca será demais. Todos nós já sentimos ao longo da nossa vida em alguma situação, o poder da intolerância, da discriminação. A resposta do filme a estes problemas é uma questão, que aparece em subtítulo, How can nothing be something? e é com a resposta a esta questão que o filma termina, e de forma brilhante.


São 12 minutos, mas valem esse tempo. O filme obteve cerca de duas dezenas de nomeações e prémios em vários festivais de renome. Depois de verem o filme divirtam-se com o making of.