setembro 05, 2013

Wonderland | A Short Form Doc on Creative Commerce (2013)

O documentário, Wonderland (2013) de Terry Rayment e Hunter Richards, fala-nos dos diferentes sentires do criador no momento de criar um artefacto pessoal versus um produto comercial. Artistas, designers e criativos falam de dinheiro, de liberdade, de restrições, de ambições, dos egos, dos clientes e  de como se balanceia tudo isso no dia-a-dia.

"You can't predict the end result, and that's part of the process, the beauty in it."… "Trying to plan in the future, will not work… you've to live in the now… focus on doing things, not on the the end results… we have to focus on each step…"… "the goal is always to get better…"… 
Há umas semanas tive oportunidade de escrever um texto para a Eurogamer, sobre este assunto, a propósito de um texto de Adam Saltsman, em que este desabafa sobre os seus dilemas criativos na escolha dos próximos jogos a desenvolver. Dei ao texto um título bem ilustrativo Bipolaridade Criativa.

Diagrama a partir da classificação de David Lewndowski em Wonderland

Neste documentário, David Lewndowski acaba por no meio da conversa dar uma possível classificação do impacto do dinheiro sobre a liberdade criativa de cada um. Converti a sua definição num eixo visual (diagrama acima), que de forma simples se poderia resumir por: “quanto mais dinheiro mais corrompida é a criatividade de um projecto”. Claro que as exceções existem,
"Sometimes there's total miracles… oh my God, did they just allowed me to create that, and they paid for that. My heart still flexes my creative muscles I can still feel alive when I express myself."

setembro 04, 2013

Portugal e a Google

“A Primeira Aldeia Global – Como Portugal mudou o Mundo” (2008) de Martin Page é um livro adorável, aconselhável a qualquer português, ou a qualquer cidadão do mundo que se sinta português. Page, citando Mário Soares, diz-nos que “A língua é o vínculo, falar português é ser português.”


“A Primeira Aldeia Global” é um livro escrito por um inglês que veio para Portugal viver os seus últimos anos de vida, e por este país se apaixonou. Jornalista do "The Guardian", cobriu várias guerras pelo mundo, atravessou continentes e muitos países. Experimentou in loco muito do que se dizia ter ali chegado através de marinheiros portugueses. Resolveu, nos últimos anos que viveu, já cego, pesquisar e escrever sobre a história de Portugal, sobre os seus feitos, sobre o seu povo e posição geográfica. Page criou um livro que eleva o orgulho português aos mais altos patamares. Dificilmente poderia este livro ter sido escrito por um português, sem ser ridicularizado pelo excesso de vanglória e ostentação. Como inglês disserta sobre a visão que os ingleses faziam de Portugal, como ajudaram a criar mitos como Infante D. Henrique, ou como foram grandes responsáveis pelo fim da monarquia em Portugal, os nossos eternos "amigos de Peniche". Page faz um trabalho de desmontagem de alguns personagens, mitos de hoje, como o Infante D. Henrique, Cristovão Colombo, ou o Marquês de Pombal. E não deixa incólume José Hermano Saraiva, e as suas tentativas de branqueamento do Estado Novo. Ainda assim este livro de Page é mais romance do que livro histórico. Está muito mais preocupado em romancear a história, do que em analisar a sua factualidade. Page apaixonou-se por Portugal, e este seu livro é uma carta de amor escrita como legado ao país, em que decidiu passar os seus últimos anos de vida.

Page recua aos tempos em que a região em que Portugal hoje se situa, era denominada de Lusitânia pelo Império de Roma, e enche o texto de detalhes apaixonantes, como o facto de Julio Cesar ter sido governador da Hispânia Ulterior, e nessa altura se ter dedicado a conquistar a Lusitânia, local de onde extrairia o ouro, nomeadamente no Alentejo, que lhe iria devolver o respeito de Roma e abrir caminho para se tornar no Cônsul da República de Roma. É esta forma de descrever a história, que torna o livro tão estimulante, carregado de detalhe explicado causalmente, ainda que por vezes não seja suportado em evidência científica (ex: a insistência no “Arigato”), mas que dão um sentido, uma lógica ao que aconteceu no passado. Apesar de nos levantarem dúvidas, alguns dos relatos que nos vai fazendo, é verdade que Page recorre a um manancial muito interessante de fontes exteriores a Portugal, capazes de ajudar a complementar muito daquilo que temos lido na história nacional. Escrevendo assim, jornalisticamente, Page ajuda-nos a criar uma ideia narrativa, coerente e consistente, que facilmente entendemos e registamos.

É fascinante toda a discussão que Page faz sobre a presença dos Árabes em território nacional, tudo o que nos trouxeram e que por cá deixaram, em termos de conhecimento, nomeadamente o conhecimento da Grécia antiga que nos chegou por sua via. Assim como todo o sentido fluído com que vai dissertando sobre cada rei de Portugal, os seus feitos, conquistas, os seus contributos para a Europa e o mundo. Mas lendo Page percebemos como Portugal, a seguir a cada grande momento de grande riqueza, teria sempre um grande momento de pobreza. Por isso se hoje vivemos com problemas de rating no crédito internacional, isso não é novidade para nós. Já vivemos o mesmo problema em 1557 (p.177), pouquíssimos anos depois de termos sido o país mais rico do globo. E voltámos a viver o mesmo com o fim do produto proveniente do Brasil, após a sua independência, e que levaria ao colapso em 1926, que levaria ao surgimento de Salazar para implementar uma austeridade brutal, e assim reganhar o respeito dos mercados. Fica a ideia que ao longo de 900 anos de história, vivemos ao sabor da sorte, daquilo que o além-mar nos poderia trazer. Se fomos um Império, como Page e outros atestam (wikipedia), foi mais por conta de tudo o que conseguimos trazer de outras partes do mundo. Apenas com um milhão de habitantes, a geografia do país, ou quem o habitava, nunca conseguimos fazer grande coisa dele.

No livro de Page, tudo nas conquistas além-mar portuguesas são glórias. Não existe uma linha para discutir criticamente o período. Como apontamento sobre isto, deixo apenas esta gravura "Europe supported by Africa and America" (1796) de William Blake.

Page não reflecte criticamente sobre a problemática da riqueza conquistada, Page limita-se a apontar Portugal, e os portugueses como um dos principais povos a trilhar a comunicação internacional. Neste campo Page eleva os Portugueses ao alto, citando e atestando, sobre a amabilidade, abertura, e empatia dos portugueses para com os outros povos. Desde os Árabes inicialmente, aos povos em África, e aos Judeus que viveram na Europa até ao modo como os Portugueses acolhem ainda hoje. Page não o diz, mas este poderá ter sido o elemento central em toda a criação do Império Português, a sua facilidade de comunicação com o outro, o modo como se dava rapidamente, se adaptava a cada lugar diferente, e se deixava ficar criando raízes. Ainda hoje se refere que os portugueses terão sido responsáveis pela criação da raça de mestiços, ao fundir-se desde o início com as outras raças e credos, que ia encontrando, de forma aberta e sem tabus.

A capacidade e empenho nas viagens além-mar levou a que Portugal se tivesse concentrado no desenvolvimento de tecnologia que lhe permitiria ligar todo o mundo por via marítima. Desde tecnologia de orientação, a tecnologia de navegação, a tecnologia de guerra. Portugal inventou, criou, desenvolveu e implementou todo um arsenal capaz de permitir abrir caminhos desconhecidos, estabelecendo rotas marítimas periódicas que passaram a transportar o conhecimento entre todos os pontos do chamado Império Português. Durante o auge, o português chegou a ser Língua Franca no comércio e navegação. E é exatamente aqui que encalha o meu título para esta resenha.

Portugal foi o Google, em todos os sentidos. Arrisco dizer “todos”. Primeiro porque abriu caminho, onde este não existia. Segundo, porque deu a conhecer o que antes era desconhecido. Terceiro porque se tornou global, rico e poderoso. Quarto, o mais importante para mim, porque conseguiu tudo isto sem verdadeiramente criar nada. Criar, no sentido de produção de cultura, definidor do saber-fazer de um povo, aparte a tecnologia já descrita.

Tal como a Google, Portugal limitou-se a inventar tecnologia para abrir caminhos e dar a conhecer. Ambos, nunca se preocuparam em criar conhecimento e cultura para legar aos seus sucessores. Portugal enriqueceu enquanto dominou os caminhos de acesso às especiarias e ouro, tal como a Google enquanto dominar as pesquisas online. Portugal limitou-se a fazer passar de mãos conhecimento, tendo participado muito pouco ativamente na criação desse conhecimento. Com o que trazia de um lado, podia adquirir tudo o que queria do outro. (Um exemplo disto é bem evidenciado por Saramago, na descrição da construção do Convento de Mafra no seu "Memorial do Convento" (1982)). Tal como a Google, com a abertura dos caminhos da pesquisa, tem gerado somas de dinheiro astronómicas em publicidade, que lhe têm servido para criar mais tecnologias de transmissão. Quando acabar o auge das pesquisas Google, esta acabará por se afundar, como afundou o Império Português logo após a morte de D. Manuel, aquele que ficou conhecido na Europa como o “Rei Merceeiro”.

Page vai citando alguns exemplos de notáveis cabeças e invenções nacionais, mas convenhamos, que em quase mil anos de história, tudo o que é citado pode ser encontrado num único século de vários países da Europa. Só isto por si, pode demonstrar o nosso problema, e talvez explique a nossa forma de estar enquanto cidadãos do mundo, somos provavelmente pouco ambiciosos.

Fica o livro de Page, um livro fluído, sobre uma história fluída, de um povo fluído.

setembro 03, 2013

"Livro" de José Luís Peixoto

Conheço o trabalho do José Luis Peixoto (JLP) desde o seu primeiro romance, “Morreste-me” (2000), que me deixou logo apanhado pelo autor. Foi numa fase em que me dedicava a ler autores mais novos, procurava mundos mais próximos, e não tanto os clássicos que nos falam sob uma forma grandiosa, mas sobre realidades tão distantes no tempo, que dificilmente nos identificamos, ficando muitas vezes apenas pela forma, sem razões para acreditar no conteúdo. Apesar de ter adorado, nunca mais li nada seu, com a vida académica a não-ficção tomou o lugar da ficção, que ficou apenas reservada ao cinema e videojogos. De vez em quando pego num romance.

"Livro" (2010)

Em Agosto passei pela loja, vi os vários livros do JLP enfileirados, fiquei admirado por já ter publicado tanta coisa desde então, mas fiquei contente, pelo respeito que me mereceu desde então. Dos vários, o "Livro" foi o que menos me impressionou quando lhe peguei. Estou um pouco cansado de histórias sobre a emigração, apesar de saber que ainda nos falta muito dizer, muito enfatizar, sobre uma enorme fase da vida de Portugal. Mas depois de lidas as várias sinopses em cada contra-capa acabei por aqui voltar, e é verdade que o título me impressionou. Primeiro pensei, que pretensiosismo, mas respeitando o JLP, quis acreditar que não era de todo o seu estilo, e por isso trouxe-o comigo para casa.

Duas constatações prévias, JLP nasceu no mesmo ano que eu, é um filho de Abril que nunca conheceu o antes. Mais, é filho de emigrantes portugueses partidos para o centro da Europa num tempo em que não era permitido sair do país, que tal como os meus pais voltaram para Portugal para nos dar uma infância nacional, depois da revolução. Do que ele sabe, e eu sei, sobre esses tempos, foi ouvido em discursos diretos em casa, ao longo das nossas adolescências. Vivemos uma ruralidade na infância, sempre comparada com o exterior, que nos impregnou os sentidos do que é viver Portugal. Mais tarde, as cidades nacionais receberam-nos para que pudéssemos continuar os estudos, impulsionados por uma geração de pais que quis o melhor do mundo para os seus filhos, que quis que estes chegassem onde eles não conseguiram, sabendo que o único caminho para dali sair estava nos estudos. Talvez por tudo isto perceba e sinta tão de perto o que está neste livro.

Apesar de sentir o tema do livro de perto, quero dizer que a maior parte da leitura, digamos 4/5 foi feita sem esta sensação, já que se relata o antes. JLP começa em 1948, e nós só nascemos em 1974. Por isso aquilo que o livro constrói como seu universo expressivo, tocará a todos, mesmo quem não tenha tido qualquer experiência de emigração perto. Já que o que torna o livro, uma experiência estética tão poderosa, não é o tema em si, mas o tratamento que lhe é dado por JLP. Não me admirei, nem fiquei surpreso com o seu à vontade descritivo, nem tão pouco com as suas capacidades de gerar metáforas tão "perfurantes", em termos de sentido, ao ponto de nos darem “a ver” através de meros conjuntos de palavras. Porque como disse, já o admirava como escritor, apesar de ter apenas lido um livro seu antes, e várias crónicas em revistas.
"A Adelaide carregava no interruptor e as lâmpadas fluorescentes, depois de piscarem em cambalhotas de luz, acendiam-se uma a uma e faziam crescer um zumbido branco, que permanecia." (p.142)

"A terra respirava. Quando a Adelaide saiu de trás do muro do chafariz, já uma vírgula iniciara o percurso em direcção ao seu útero" (p.202)
O livro vem dividido em duas partes. A primeira parte, o grande bolo do livro (ocupa 200 das 260 páginas) é realista, com um toque saramaguiano, enreda-nos, agarra-nos e não nos larga. Comecei pela manhã, e só parei no final do dia quando cheguei à última página. JLP descreve o rural português de uma tal forma que me fazia questionar, a todo o passo, sobre o nível de detalhe que consegue ali despejar, até parecia que ali tinha vivido, que ali tinha sentido. E na verdade só depois descobri que JLP tinha vivido numa aldeia portuguesa, como filho de emigrantes. Ainda assim, aquilo que descreve são as suas memórias transplantadas para um tempo antes de ter nascido.

Mas não é apenas o detalhe descritivo, o enredo construído sobre uma fragmentação do tempo, muito típica do pós-modernismo que atravessa o storytelling atual, é desenvolto e capaz de gerar momentos de puro "thrill", apesar de não se tratar de um "thriller". Logo a abrir o livro, temos um momento destes, um baque, que nos surpreende, nos intimida, e imediatamente nos agarra ao livro. Ao longo do texto, temos mais dois ou três momentos destes fortes, que servem para nos acordar do fio romanesco da história.

A segunda parte é um salto adentro da forma, um trabalho sobre os fundamentos da literatura. Se o tema é a emigração portuguesa, percebemos a breve trecho que este serviu apenas de motor para algo maior. O "Livro", poderia terminar no final das 200 páginas, e seria um muito bom livro, mas não seria o "Livro". O "Livro" abre-se a nós, e nós a ele, levando-nos para um novo nível de interação entre o texto, o autor e nós os leitores.

setembro 02, 2013

Eurogamer: artigos de Agosto

E depois dos filmes e livros, ficam os artigos de agosto escritos para a Eurogamer. Mês comprido, acabou por ficar com três textos. No primeiro texto do mês falei da crítica de videojogos, e tentei justificar alguns dos problemas que esta apresenta no momento atual. No segundo texto falei dos aspectos criativos, e seus dilemas, a partir de um texto de Adam Saltsman. E no último texto fui de encontro ao que instiga os criadores a desenvolverem um jogo, em termos de mensagem e ideia, dando conta de que os videojogos também podem servir a catarse autoral.

Filmes e livros de Agosto 2013

Julho tinha sido anormal no número de filmes vistos, por isso em Agosto tirei férias do cinema. Vi apenas 3 filmes e dediquei o resto do tempo à leitura. Finalmente consegui ver o primeiro filme de Malick, um filme impressionantemente maduro para primeiro filme. Já Oblivion deixou-me com um sabor agridoce, por um lado o design genial do ambiente e cenários, por outro uma história já vista sem grande novidade, e pior que tudo a inclinação para o show-off típico de Hollywood, com Cruise em mais uma MI. Na literatura, fiz algumas leituras mais leves de verão como Saramago, Peixoto ou Calvino, e outras mais pesadas como Sennett e Dutton. Deixo a lista, e no caso dos livros irei publicar ao longo de setembro uma resenha de cada um.

CINEMA

xxxx Badlands 1973 Terrence Malick USA

xxx Oblivion 2013 Joseph Kosinski USA

xxx Welcome 2009 Philippe Lioret France


ROMANCE
Livro (2010) de José Luís Peixoto [Análise]

Mudanças (2010) de Mo Yan

A Primeira Aldeia Global (2008) de Martin Page [Análise]

A Identidade (1998) de Milan Kundera

Palomar (1983) de Italo Calvino

Memorial do Convento (1982) de José Saramago


NÃO-FICÇÃO

The New Digital Age, (2013), Eric Schmidt [Análise]

Obras Primas da Arte Portuguesa - Pintura (2011) Dalila Rodrigues

Obras Primas da Arte Portuguesa - Século XX Artes Visuais, (2011), Delfim Sardo

The Craftsman, (2009), Richard Sennett [Análise]

The Art Instinct, (2009), Dennis Dutton

A Alma Está no Cérebro, (2006), Eduardo Punset

Modos de Ver, (1972), John Berger

agosto 02, 2013

Filmes de Julho 2013

Foi um mês anormal, com 49 filmes vistos, tendo duplicado a média de filmes que vejo normalmente num mês. Posso dizer que alguns, poucos, desta lista foram em certas partes vistos em fast play. A razão para ter visto tantos filmes, prende-se com os 15 dias que passei em Moçambique a dar aulas, sendo que ocupava grande parte do tempo em que não dava aulas a ver cinema. Sobre os filmes com nota máxima, não falarei aqui uma vez que escrevi sobre os mesmos quando os vi.

xxxxx The Turin Horse 2011 Bela Tarr Hungary [Análise]

xxxxx Enter the Void 2010 Gaspar Noé France [Análise]

xxxxx Tuesday After Christmas 2010 Radu Muntean Romania [Análise]

No caso dos filmes com quatro estrelas, o novo Danny Boyle fez-me recordar Trainspotting, com mais cor, mais efeitos, mas no essencial Danny Boyle no seu melhor. Enquanto o documentário sobre Bach nos deixa a pedir por mais, Marley traz-nos a sua figura de um modo genuíno e totalmente aberto, reflectindo o carácter do próprio biografado. Alguém que veio do nada e chegou ao topo, alguém que ajudou a fundar todo um novo género musical, que fez da música o seu meio de expressão e luta, e dessa forma colocou um país inteiro no mapa. Já Nobody Knows de Koreeda é um verdadeiro murro no estômago que nos perturba pela forma como faz transparecer tudo de forma tão credível. Consegui também ver o primeiro trabalho de Nolan, e confirmar que aquilo que temos visto no seu cinema, não é mero experimentalismo, mas é mesmo uma forma de estar no cinema.

xxxx Trance 2013 Danny Boyle USA

xxxx Bach: A Passionate Life 2013 John Eliot Gardiner UK

xxxx Magic Mike 2012 Steven Soderbergh USA

xxxx Dans la Maison 2012 François Ozon France

xxxx Frankenweenie 2012 Tim Burton USA

xxxx The Sessions 2012 Ben Lewin USA

xxxx Marley 2012 Kevin Macdonald USA

xxxx Une Vie Meilleure 2011 Cédric Kahn France

xxxx O Barão 2011 Edgar Pêra Portugal

xxxx Comic-Con Episode IV... 2011 Morgan Spurlock USA [Análise]

xxxx Pariah 2011 Dee Rees USA

xxxx London River 2009 Rachid Bouchareb UK

xxxx Caché 2005 Michael Haneke France

xxxx Nobody Knows 2004 Hirokazu Koreeda Japan

xxxx Following 1998 Christopher Nolan UK

Nas três estrelas aparece o aclamado O Som ao Redor que soou demasiado europeu para o meu gosto, mas acima de tudo peca pela fraca direcção de actores, embora compreenda que o tema é poderoso e bem trabalhado. Já uma surpresa total foi com The Expendables 2 que vai muito para além do mero "filme de pancada" realizando um belíssimo trabalho de retro-análise do cinema dos anos 1980. Como estava em Moçambique, consegui ver dois filmes originários daí, bastante interessantes, um deles, Terra Sonâmbula, baseado num conto homónimo de Mia Couto.

xxx Despicable Me 2  2013 Chris Renaud USA
xxx Snow White and the Huntsman 2012 Rupert Sanders USA

xxx La Vie d'une Autre 2012 Sylvie Testud Bélgica
xxx Spring Breakers 2012 Harmony Korine USA

xxx O Som ao Redor 2012 Kleber Mendonça Filho Brazil
xxx The Expendables 2 2012 Simon West USA
xxx Dark Horse 2011 Todd Solondz USA
xxx Hangover II 2011 Todd Phillips USA
xxx La Source des Femmes 2011 Radu Mihaileanu Belgium
xxx Hangover 2009 Todd Phillips USA

xxx Terra Sonâmbula 2007 Teresa Prata Mozambique
xxx Disengagement 2007 Amos Gitai France
xxx Modigliani 2004 Mick Davis France
xxx Haute Tension 2003 Alexandre Aja France

xxx O Gotejar da Luz 2002 Fernando Vendrell Mozambique
xxx Mary Reilly 1996 Stephen Frears USA
xxx Vacas 1992 Julio Medem Spain
xxx Days of Wine and Roses 1962 Blake Edwards USA

Nas duas estrelas começam aparecer alguns dos filmes que acabei por vezes de ter de fazer algum fast play, mas nem todos. Aqui temos Big Nothing e Souers Fâchées como duas comédias europeias interessantes. Por outro lado três filmes de grande orçamento - Die Hard 4, Ted, Total Recall - apresentam uma autêntica mão cheia de nada. Já Capitães da Areia foi uma pequena desilusão, com uma base tão rica, restou apenas uma boa imagem.

xx A Good Day to Die Hard 2013 John Moore USA
xx Ted 2012 Seth MacFarlane USA
xx Total Recall 2012 Len Wiseman USA
xx The Exchange 2011 Eran Kolirin Israel
xx Capitães da Areia 2011 Cecília Amado Brazil
xx Scialla! 2011 Francesco Bruni Italy
xx Seeking Justice 2011 Roger Donaldson USA
xx The Son of No One 2011 Dito Montiel USA
xx Room In Rome 2010 Julio Medem Spain
xx The Winning Season 2009 James C. Strouse USA
xx Big Nothing 2006 Jean-Baptiste Andrea UK
xx Les Soeurs Fâchées 2004 Alexandra Leclère France

Como uma estrela, existe pouco ou mesmo nada a dizer.

x That's My Boy 2012 Sean Anders USA
x Balas & Bolinhos - O Último Capítulo 2012 Luis Ismael Portugal


Para ver as notas dadas nos meses anteriores podem seguir a etiqueta FilmeMês. Para acompanhar as notas que vou dando ao longo do mês, ou ver a listagem de notas dos últimos anos podem visitar a minha folha de notas online.

agosto 01, 2013

Dicotomia em banda desenhada

Mused é uma série de banda desenhada criada por Kostas Kiriakis, que funciona segundo ele, como uma "espécie de diário" narrativo visual das ideias que o vão assombrando no dia-a-dia. Dessa série, fiquei bastante impressionado com a novela gráfica, A Day at the Park (2013), porque é profundamente filosófica, o que é algo pouco habitual de se ver tratado no formato de banda desenhada.

A Day at the Park (2013) de Kostas Kiriakis

A Day at the Park, lança-nos numa complexa dicotomia que pretende separar, e classificar as diferenças entre "Questões" e "Respostas". Quais são mais relevantes? e porquê? A discussão assume os contornos clássicos das dicotomias filosóficas, desde o querer distinguir entre corpo e alma, ao querer distinguir entre forma e conteúdo. É uma novela gráfica, que nos prende na discussão, nos "questiona" e obriga a reflectir, deixando-nos a pensar, muito para além da sua leitura.

Muito interessante também é depois de ler, ficar a conhecer como decorreu o processo criativo de construção da novela. Kiriakis diz-nos na sua página, que normalmente define um plano com um princípio, meio e fim para o que vai desenvolver, mas neste caso não foi assim. Aqui o processo foi profundamente exploratório, sem qualquer noção do que viria a suceder no quadro seguinte. Nas suas palavras, esta é uma forma de trabalhar com elevado risco, e bastante complexo a nível interno,
"Turns out the most difficult thing about that, is fighting that constant urge to get back in control. Which is another way of saying ‘I desperately need to get back in my comfort zone’. Playing it safe all the time though isn’t  a very expansive strategy. Especially in a creative process. So in a way it boils down to an exercise in courage really. Remembering that it’s ok to let go. Make mistakes. Play around. Go nuts. Have fun." [fonte]